10 de jun. de 2012

3. Conclusões Práticas

            Ao contemplar a grandeza da glória, que a salvação nos proporciona, desejaríamos já mergulhar nesse mar de felicidade; os grandes prêmios, porém, não se alcança sem grandes trabalhos, como nos admoesta São Paulo: “o atleta só recebe a coroa se lutou conforme as regras” (2Tm 2,5). Sobretudo, devemos tomar as seguintes resoluções:
            1. Tendo sido criados para gozar de Deus por toda a eternidade, devemo-nos encher de um santo entusiasmo, e não ocupar nossos afetos em objetos terrenos com desejos de prazeres mundanos, que nos igualam aos animais. Conta-se que Cleópatra foi, certa vez, ao mar pescar com Marco Antônio. A rainha, logo que lançou o anzol, apanhou muitos peixes, que ia recolhendo com grande festa. O imperador, pelo contrário, estava todo confuso, porque não lhe acontecia o mesmo. A rainha, para o consolar, disse-lhe com graça: Nasceste para pescar reis e reinos. Também o homem nasceu para pescar reis e reinos, isto é, para possuir, com a visão beatífica, o Rei dos reis, e conquistar, com seus esforços, o Reino da glória.
            2. Em todas as obras, devemos procurar agradar a Deus e fazer tudo por sua glória à maneira do girassol, que segue o Sol desde que nasce até o momento em que se põe, ou como a agulha da bússola que aponta sempre para o pólo norte. Isso não quer dizer que descuidemos dos outros negócios humanos. Assim como o timoneiro, mesmo em pleno mar, não perde o rumo de seu caminho, também nós, em todas as ações, mesmo as menores, devemos ter sempre o objetivo de agradar a Deus e fazer todas as suas vontades, segundo o conselho do Apóstolo: “Portanto, quer comais, quer bebais,o que quer que façais, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31).
           
            3. Não nos deixemos enganar com os bens desta terra, semelhantes ao corvo que Noé soltou da Arca, o qual não voltou como a pomba, mas ocupou-se em devorar os cadáveres que boiavam à tona da água.

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