2 de mai. de 2012

QUEBRAR FRASCOS

“Teus fiéis ao ver-me terão alegria porque esperei na tua palavra” (Sl 119,73-80).
Observo Jesus e a mulher Maria, irmã de Lázaro em Betânia. Que sentimentos passam pelo Coração de Jesus, sabendo que esta unção o prepara para a sepultura? E os sentimentos de Maria? Observo os olhares que se encontram e se comunicam. Há um reconhecimento de que aquele gesto de filial intimidade é revestido do sagrado, do puro, do generoso. É um gesto esponsal! Sinto o perfume deste gesto e reflito sobre mim mesmo, para tirar algum proveito.
Composição, vendo o lugar: com imaginação, deixo que as palavras do evangelho me levem a estar presente neste jantar, seis dias antes da Páscoa. É um jantar festivo, especial, onde se dá “a unção de Betânia”. Peço a luz de um coração livre, sensível, generoso e leal no amor e na amizade para com Jesus, que me faça capaz de quebrar os meus frascos para espalhar o perfume da alegria, da doação, do amor fiel e sincero.
Reflito: é próprio da mística cristã seguir por altos e baixos que parecem contraditórios. O gesto de elevada beleza de Maria é assinalado, por Jesus pela lembrança de sua morte e sua sepultura, tão próximas. Na história de Jesus também ficamos sensíveis à alegria pelo dom do Menino, lembro-me que, por amor, o Senhor nasceu no Natal, em pobreza, depois mais tarde de tantos trabalhos, injúrias e afrontas, vem a morrer na Cruz. Seu amor maior é a entrega total.
Lembrete:
Na imaginação recordo uma maneira de, metaforicamente, entrar “dentro” de Deus: imagino-me de pé diante do sol. Não vejo onde ele termina porque é tão imenso. Surpreende-me que ele não me queime. Então fico ainda mais surpreso ao sentir que estou caindo em direção ao sol. Primeiro, começo a flutuar em massas de fogo. Sua incandescência vem de dentro e elas me envolvem. Sou engolfado em um grande estrondo, tão alto que chego a senti-lo. Continuo a cair para dentro. Então chego as nuvens de fogo dourado. Elas me fazem luminoso e sinto meu rosto brilhar. O estrondo diminui. Continuo a cair para dentro e chego ao lugar de uma fissão atômica prateada. Agora não ouço nenhum estrondo, mas um concedido som fatigante. O ar incandescente fica mais parado. Chego ao centro do sol. Não ouço som algum. Não sinto nenhum sopro ou movimento, apenas silêncio total. Descanso na quietude. Estou dentro de Deus e Deus está dentro de mim.

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