Um dia um homem sem fé saiu a passear com um amigo. Viram alguém que se inclinava para o chão pegando alguma coisa, sobre a estrada. “Que coisa ele encontrou?” pergunta o amigo. “Foi um pedaço de Verdade”, respondeu o outro. “E isto não o perturba?”, diz o amigo. “Sim, respondeu-lhe o homem. Receio que ele faça daquele pedacinho de verdade, uma crença!”.
Uma crença é como um sinal de beira de estrada apontando o caminho da Verdade. As pessoas que somente agarram ao poste e à tabuleta, evidentemente não caminham para a Verdade por terem a falsa sensação de já a terem encontrado.
O Mestre Jesus grava sua sabedoria no coração dos seus discípulos, não nas páginas de um livro. O discípulo, por sua vez, poderá levar esta sabedoria, em seu coração, durante trinta ou quarenta anos até encontrar alguém que possa recebê-la. Esta é a tradição cristã. No princípio, as palavras de Jesus não eram escritas. Seus ensinamentos eram repassados verbalmente entre os seguidores.
As primeiras comunidades que Matheus, Marcos, Lucas e João dirigiram, repetiam as palavras dos primeiros discípulos de Jesus. Afinal, foram compostos no livro que se chama “Bíblia”. São Jerônimo fez a cópia oficial da Bíblia, no Séc. IV.
Um santo Mestre sabia que tinha somente um discípulo para ser seu sucessor. Certo dia mandou chamá-lo e disse: “Estou velho, você é quem irá me suceder. Deixo aqui o livro é repassado fielmente de mestre para mestre por mais de sete gerações seguidas. Eu mesmo acrescentei algumas notas que poderão ser úteis para você”.
Conversaram os dois juntos à lareira. O discípulo aceitou o livro e, em ato determinante, jogou-o nas chamas, pois não tinha paixão por coisas escritas. O Mestre gritou: “Que loucura está fazendo?”. O discípulo respondeu: “E você, que loucura está dizendo?”.
O sábio fala com autoridade daquilo que ele mesmo experimentou, não cita livro algum. Assim, os primeiros cristãos seguiram a sabedoria despertada em seus corações. Somente mais tarde é que se escreveram livros sobre estas idéias.
Santo Inácio de Loyola falou: “Se a Bíblia fosse destruída, eu poderia reescrevê-la devido às visões que experimentei”. Porém para nós, pessoas simples, a Bíblia é necessária.
O discípulo de outro Mestre lia muitos livros. Um amigo perguntou se este discípulo era um sábio e, o Mestre respondeu: “Ele lê muitos livros sim, porém se é sábio, nem sei. Depende como seu coração é tocado”.
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