No ano passado, tive o prazer de dar palestras com um amigo meu psiquiatra em Santiago, no Chile. Evidentemente falamos sobre as soluções para álcool e outras drogas. Numa certa tarde, o meu amigo levou-me para visitar a obra de Santo Alberto Hurtado, SJ, recentemente canonizado.
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O jovem Alberto perdeu o seu pai e enquanto lembro, a mãe dele era uma lavadeira. Na providência Divina, ele recebeu uma bolsa no Colégio Santo Inácio de Santiago. Depois, como um engenheiro formado, decidiu entrar na Companhia de Jesus. Terminando seus estudos na Europa, ele dedicou a sua vida aos jovens, aos pobres e aos operários. Fundou um dos primeiros Sindicatos no Chile. Foi um grande pregador e mestre de retiros. O tema da sua vida era “Um fogo acende outros fogos. Muitas chamas, um só fogo: muitos relatos, uma só história”.
Até a sua morte, Padre Alberto vivia de muitas maneiras, estendendo o fogo de Jesus que é a luz do mundo. Sempre explicava o texto bíblico: “É um fogo que eu vim trazer à terra, e como quisera que já estivesse aceso!” (Lc 12, 49). Todo o mundo aclamou que o Padre era um exemplo vivo deste texto.
Em nossa associação – APOT - nós explicamos este texto vivendo o 12º Passo de NA e AA: “Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos outros e praticar estes princípios em todas as nossas atividades”. E no Amor Exigente, nós vivemos estas idéias com disciplina e amor verdadeiro.
Contam as crônicas que, quando Santo Inácio enviou São Francisco Xavier ao oriente, disse-lhe: “Vá, inflame todas as coisas”. Com o nascimento da Companhia de Jesus, um fogo novo se acendeu em um minuto em transformação. Iniciou-se uma forma inovadora de fogo, não por engenho humano, mas como iniciativa divina. O fogo que então se acendeu continua ardendo hoje em nossa vida, um fogo que acende outros fogos, como diz sobre Santo Alberto. Com esse fogo, somos chamados a inflamar toda nossa Comunidade Terapêutica com o amor de Deus.
Hoje apresentam-se novos desafios ao nosso apostolado. Vivemos a nossa identidade como companheiros de Jesus, em um contexto no qual múltiplas imagens e as inumeráveis faces de uma cultura fragmentada, concorrem para atrair a nossa atenção. Introduzem-se em nós, lançam raízes na fértil terra de nossos desejos naturais, e nos enchem de sensações que se movem em nosso interior e se apoderam de nossos sentimentos e decisões sem que nos demos conta. Mas conhecemos e proclamamos uma imagem, Jesus Cristo, que é a verdadeira imagem de Deus e a verdadeira imagem da humanidade, o qual, quando O contemplamos, faz-se carne em nós, sanando nossas rupturas internas, e reconstruindo-nos como pessoas, como uma Comunidade Terapêutica e corpo apostólico consagrado à missão de Cristo.
─ Como é que a gente pode ser útil para este mundo?
─ Procurando entendê-lo, disse o Mestre.
─ E que coisa se faz para entendê-lo?
─ Retirando-se dele freqüentemente.
─ Como, então, servir à humanidade?
─ Procurando entender a si mesmo.
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