18 de nov. de 2010

A ESTÁTUA QUEIMADA

            Numa fria noite de inverno um homem pediu abrigo em uma igreja. O pobre estava tremendo de frio na neve, por isso o sacerdote, embora relutasse em deixá-lo entrar, disse: -“Muito bem, pode ficar, mas só por esta noite. Isto é um templo, não um asilo. Na calada da noite, o sacerdote ouviu um estranho barulho crepitante. Correu à igreja e viu algo inacreditável. Lá estava o estranho se aquecendo em uma fogueira que acendera na igreja. Estava faltando um Santo de madeira. O sacerdote perguntou: -“Onde está a estátua?”
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 O andarilho apontou para a fogueira e disse: -“Pensei que este frio fosse me matar.” O sacerdote gritou: -“Sabe o que fez? Essa era uma estátua de um Santo. Você queimou o Santo!” O fogo estava se extinguindo aos poucos. O homem começou a mexer nas cinzas com seu cajado. -“O que está fazendo agora?” – vociferou o sacerdote. -“Estou procurando os ossos do Santo que você diz que matei.”  Mais tarde o padre relatou o incidente a outro sacerdote, que disse: - “Você valorizou mais um Santo morto do que um homem vivo.”
Ao contemplar a grandeza da glória, desejaríamos já mergulhar nesse mar de felicidade; os grandes prêmios, porém, não se alcança sem grandes trabalhos, como nos disse São Paulo: “o atleta só recebe a coroa se lutou conforme as regras” (2Tm 2,5).
            Tendo sido criados para gozar de Deus por toda a eternidade, devemo-nos encher de um santo entusiasmo, e não ocupar somente nossos afetos em objetos terrenos com desejos de prazeres mundanos. Conta-se que Cleópatra foi, certa vez, ao mar pescar com Marco Antônio. A rainha, logo que lançou o anzol, apanhou muitos peixes, que ia recolhendo com grande festa. O imperador, pelo contrário, estava todo confuso, porque não lhe acontecia o mesmo. A rainha, para consolá-lo, disse-lhe com graça: Nasceste para pescar reis e reinos. Também o homem nasceu para pescar reis e reinos, isto é, para possuir o Rei dos reis, e conquistar, com seus esforços, o Reino da glória.
            Em todas as obras, devemos procurar agradar a Deus à maneira do girassol, que segue o Sol desde que nasce até o momento em que se põe, ou como a agulha da bússola que aponta sempre para o pólo norte. Isso não quer dizer que descuidemos dos outros negócios humanos. Assim como o timoneiro, não perde o rumo de seu caminho, também nós, em todas as ações, mesmo as menores, devemos ter sempre o objetivo de agradar a Deus segundo o conselho do Apóstolo: “Portanto, quer comais, quer bebais,o que quer que façais, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31).
             Não nos deixemos enganar completamente com os bens desta terra, semelhantes ao corvo que Noé soltou da Arca, o qual não voltou como a pomba, mas ocupou-se em devorar os cadáveres que boiavam a tona da água.

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