20 de jun. de 2011

DESAPEGO

Entre as criaturas que nos cercam, há umas pelas quais sentimos afeição e que nos apartam do fim ultimo, há outras pelas quais sentimos aversão e que nos conduzem ao fim ultimo, e há outras das quais não temos certeza se nos conduzem ou não ao fim ultimo.
Para essas devemos estar indiferentes e ter desapego, ate que nos seja conhecida a vontade de Deus sobre seu uso ou não.
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Indiferença, etimologicamente, significa falta de diferença no uso das criaturas que, por si mesmas, podem conduzir ou não ao fim. E assim, se nos perguntassem o que mais convém à nossa salvação, saúde ou enfermidade, honra ou desonra, riqueza ou pobreza, se quiséssemos dar uma resposta sensata, diríamos:” Não sei, Deus sabe”. Se, portanto, as criaturas são indiferentes, a disposição de nosso espírito com relação a elas tem que ser também de desapego, como o médico e o pintor, que se mostram indiferentes com respeito ao uso dos medicamentos e das cores que não tem relação direta com o fim conhecido da pintura ou da saúde.
Podemos distinguir duas espécies de desapego: indiferença da vontade e indiferença da sensibilidade. A primeira é a disposição da vontade de não se inclinar ao uso das criaturas senão na medida em que conduzem ao fim. A segunda é a expulsão de todo afeto sensível contrário à dita disposição. A primeira indiferença é substancial, a segunda, acidental.
A primeira é sempre acessível; a segunda, algumas vezes, não se pode conseguir.
O desapego é a pedra angular da ascese. Sem ele, é melhor interromper os Exercícios, como é melhor interromper a obra de um edifício do que prosseguir sem alicerce.
A indiferença é o principio e o fundamento prático de todos os Exercícios. O principio porque inclui, ao menos implicitamente, o cumprimento da vontade divina, fim de todos os Exercícios; fundamento porque, na indiferenca, apóiam-se todos os restantes Exercícios.

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