5 de jul. de 2013

CARTA DE CRISTO

“Possamos consolar os que sofrem qualquer tribulação” (2Cor 1,3-4).
Uma carta! Abra! Linhas e entrelinhas. Espaços cheios e espaços vazios. Possibilidade de ler! Se tudo estivesse preenchido, a clareza estaria perdida e a leitura impossível. Na vida: consolações e desolações. Espaços cheios e espaços vazios. É possível ler, “tirar lição” da “carta” que é a nossa vida, que somos nós: “Vós sois uma carta... Carta de Cristo... Escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus Vivo. Não em lajes de pedra, mas em corações de carne” (2Cor 3,1-4). Somos estas “cartas” do Cristo Salvador para o Pai, que é Pai compassivo, Deus de toda consolação. Ele nos consola em toda tribulação, para que nós, por força da consolação recebida, “possamos consolar os que sofrem qualquer tribulação” (2Cor 1,3-4).
“-Pedro, eu te digo que o galo não cantará hoje sem que por três vezes tenha negado conhecer-me” (Lc 22,31-34).
Jesus nos é fiel quando somos infiéis. Ampara a nossa fragilidade e tem paciência conosco. Tolera a temeridade de Pedro e as ambições mundanas de Tiago e João. Vê mais fundo, vê a vocação profunda que o Pai lhe plantou nos corações. Vê como somos destinados a ele: “Somos para Cristo e Cristo para Deus” (1Cor 3,23). Por isso, nesta mesma noite em que foi entregue, ele nos afirmou a sua fidelidade dando-nos participação na fidelidade dele.
Mas ”os espaços vazios”, as entrelinhas, isto é, as desolações não são inúteis. Elas permitem o contraste necessário para lermos o que o Cristo vai “escrevendo” em nós: “claro e escuro”, contraste que dá visibilidade à vontade do Pai para nós, pois permite compreender a lição do Mestre da Vida: “A pessoa chega a bastante clareza e conhecimento pela experiência de consolações e desolações e pela experiência do discernimento dos pensamentos”.
Isto é, não basta experimentar, como todo mundo, consolações e desolações. Para conhecer é preciso notar, observar e perceber. Vamos notando o que nos é dado no espaço claro e cheio de consolação. Vamos aprendendo com o contraste oferecido pelos espaços vazios da desolação. “Linhas” e “entrelinhas” dando clareza ao texto da carta da vida!
Lembrete:
“Nunca mais haverá maldições. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e seus servos lhe prestarão culto. Verão  a sua face, e seu nome estará em suas frontes. Já não haverá mais noite, ninguém precisará mais de lâmpadas, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e eles reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22,3-5).

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