Veio Jesus com os seus pais para Nazaré, onde viveu até os trinta anos, obedecendo a seus pais e exercendo a arte de carpinteiro. Nessa cidade obscura, encontra-se a humilde casa que foi habitada pela mais pura das virgens, visitada pelo anjo São Gabriel e santificada pelo Espírito Santo. O Verbo Eterno escolheu-a para poder vir ao mundo, encarnar-se, e passar oculto os nove meses de sua vida fetal.
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No sul da cidade, vê-se, entre parreirais e figueiras, uma pequena casa; numa oficina, trabalha um operário e, numa saleta vizinha, uma Virgem rola nos dedos o fuso de sua roca. Um menino risonho, alegre, e cheio de graça, atende à vontades de um e de outro.
Os três formam a trindade da Terra: Jesus, Maria e José. Jesus obedece a José e Maria. A síntese de toda a vida de Jesus foi a obediência, e toda a aspiração de sua alma foi obedecer: “Eu sempre faço o que lhe agrada” (Jo 8,29).
Vemos que quem obedece é o criador; o Soberano Senhor do céu e da Terra; o Verbo, esplendor da graça de plenitude da sabedoria, a quem obedecem os anjos e os homens, os céus e a Terra, os ventos e os mares. “Quem é este, que manda até nos ventos e nas ondas, e eles lhe obedecem” (Lc 8,25).
Vamos aprender a obedecer. “Aprende, terra, a submeter-te; aprende, pó, a sujeitar-te”, ensina São Bernardo. Podemos meditar o exemplo da Sagrada Família, e aprender de Jesus a sua virtude predileta que é a obediência.
Um jovem caiu de um penhasco. Enquanto rolava para baixo, agarrou o galho de uma arvorezinha. Ali ficou pendurado entre o céu lá em cima e os rochedos a uns trezentos metros abaixo, sabendo que não seria capaz de agüentar mais tempo. De repente teve uma idéia: -“Deus!” – gritou com toda força. “Silencio!” – Ninguém respondeu. –“Deus!” – Gritou mais uma vez. – “Se o Senhor existe, salve-me e prometo crer no Senhor e ensinar outros a crerem também”. “Silêncio de novo!” Então quase soltou o galho de susto quando ouviu uma Voz poderosa retumbar através da garganta rochosa: -“Isso é o que todos dizem quando estão em dificuldades”. –“Não, Deus, não!” – berrou, agora mais esperançoso. –“Não sou como os outros. Ora, já comecei a crer, não vê, depois que eu mesmo ouvi sua Voz. Agora tudo que tem a fazer é salvar-me e proclamarei seu nome até os confins da terra”. –“Muito bem, disse a Voz. Vou salvá-lo. Solte esse galho”. –“Soltar o galho?” – bradou o tresloucado sujeito. –“Pensa que sou louco?”
Freqüentemente nós pensamos que somos loucos quando obedecemos a vontade de Deus. Obedecendo a Divina Majestade em nossa loucura somos sábios. Deus tem mostrado que a sabedoria deste mundo é loucura. Pois Deus, na sua sabedoria, não deixou que os seres humanos o conhecessem por meio da sabedoria deles. Pelo contrário, resolveu salvar aqueles que crêem e fez isso por meio da mensagem que anunciamos, a qual é chamada de “louca”. (1Cor 1, 20-21)
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