28 de out. de 2010

A oração do sapo

Certa noite, quando Irmão Bruno estava fazendo suas orações, foi perturbado pelo coaxar de um sapo-boi. Todas as tentativas para não prestar atenção ao barulho foram infrutíferas, por isso gritou da janela:
 - Silêncio! Estou fazendo minhas orações.
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Ora, Irmão Bruno era santo, por isso sua ordem foi prontamente obedecida. Todas as criaturas calaram a boca, a fim de criar um silêncio favorável à oração. Mas, em seguida, outro som se intrometeu nas orações de Bruno - uma voz interior que dizia: "Talvez Deus se agrade tanto do coaxar daquele sapo quanto dos salmos que você entoa". "O que existe no coaxar de um sapo que possa ser agradável aos ouvidos de Deus?" era a réplica desdenhosa de Bruno. Mas a voz recusava-se a desistir: "Por que pensa que Deus inventou o som?"
Bruno decidiu descobrir por quê. Inclinou-se na janela e
ordenou:
- Cante!
O cadenciado coaxar do sapo encheu o ar, fazendo-se acompanhar por todos os sapos da vizinhança. E à medida que Bruno prestava atenção ao som, as vozes deixavam de ser dissonantes, e ele percebeu que,
deixando de reagir contra, elas realmente enriqueciam o silêncio da noite.
Com essa descoberta, o coração de Bruno entrou em harmonia com o universo e, pela primeira vez na vida. Ele entendeu o que significava rezar.  

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