27 de mai. de 2015

AMOR

Amor

      Com um bebê em um carinho e duas crianças pequenas pela mão, uma jovem japonesa embarcou em um metrô de Toronto e sentou-se perto de mim, do outro lado do corredor. A criança maiorzinha, aí pelos quatro ou cinco anos, brincava com um pedaço de papel. Por duas vezes ela mostrou o trabalho à mãe, que carinhosamente ofereceu algumas palavras de orientação.
      Pouco depois, o menino soltou um gritinho de triunfo e entregou à mãe o resultado de seu esforço. A mulher examinou-o, fez um sinal de aprovação e delicadamente pousou o pequeno objeto na saliência da janela ao seu lado. O trem parou e eles saltaram.
      Curioso, dei um passo para o lado e peguei aquela coisinha. Era um passarinho (o bico, as asas e a calda elaborados com precioso detalhe), e foi com admiração que o examinei – tão habilidosamente confeccionados pelas mãos de uma criança a partir de um pedaço de papel barato.
      Lutando contra a tentação de guardá-lo, recoloquei meu achado à janela do metrô, para que alegrasse outra alma, como alegrara a minha.

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