TOOT

            O Rei da Grécia convidou Sócrates para dar uma palestra. Sócrates entrou no palco, ficou em silêncio e, afinal, segurou sua flauta e tocou: “toot”. Colocou a flauta dentro de sua túnica e saiu. O Rei alcançou Sócrates e falou: Quando vai dar a palestra?”. Sócrates respondeu: “Já dei, com o “Toot”. Aqueles que já sabem não precisam me ouvir e aqueles que não entendem não aprenderão comigo. “Toot” é o suficiente”.

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            Assim é quando falamos sobre a Divina Majestade. Deus é desconhecido e é impossível conter o infinito em nossas palavras finitas. Falamos sobre Deus com analogia. Deus é nosso Pai e não é nosso pai. Ele é um Espírito infinito, absoluto, sempre presente, com sabedoria perfeita e todo poderoso. Quem melhor observou Deus é Tomás de Aquino. Um dia ele teve uma visão do Senhor. Parou de escrever justificando que o que escrevia era somente palha.

            Deus dança na sua criação. Ele é o Bailarino e a criação é a dança. A dança é diferente do bailarino e, no entanto, não pode existir sem ele. Você não pode levá-la para casa numa caixa, se ela o agradar. No momento em que para o bailarino, a dança deixa de existir.

            Na sua busca de Deus, o homem pensa demais, reflete demais e fala demais. Mesmo ao olhar para esta dança que chamamos criação, ele está sempre pensando, falando (consigo mesmo e com os outros), refletindo, analisando e filosofando. Palavras, palavras, palavras. Barulho, barulho, barulho. Sons, sons, sons.

            Fique em silêncio e olhe a Dança. Simplesmente observe: uma estrela, uma flor, uma folha que envelhece, um pássaro, uma pedra. Qualquer parte dessa dança pode ser útil. Olhe. Escute. Cheire. Toque. Prove! Assim fazendo, há esperança de que não demore muito até que você veja a Ele – o próprio Bailarino!

            Queixava-se constantemente o discípulo ao seu Mestre: “Você está me escondendo o segredo final, o segredo de Deus”. Um dia o Mestre, então, o levou a passear e, enquanto percorriam as colinas, os dois ouviram um pássaro cantar. O Mestre lhe perguntou: “Você ouviu o pássaro cantar?”. “Sim”, respondeu o discípulo. “Pois bem, agora você sabe”.

Realmente, se você em silêncio ouviu o pássaro cantar; se você em silêncio viu a árvore... Você saberá, sem precisar de palavras nem conceitos. Quando você olha uma árvore e vê um milagre – aí, então, você finalmente viu uma árvore. Será que seu coração já se encheu, alguma vez, de maravilhas sem palavras, ao escutar o canto de algum pássaro?

Quem sabe e quem vê não precisa mais do que um “Toot”. Se tivermos um “Toot” podemos sentir e contemplar a Divina Presença da Divina Majestade.