21 de out. de 2012

TAL MODO AMAVA

“De minhas necessidades da vida vem retirar-me, Senhor” (Sl 24,17).
Pode ajudar considerar que neste episódio temos que caminhar juntos, a acolhida, o apelo à conversão, a memória do texto bíblico, sua interpretação, a despedida e a missão. Procure reler o texto recolhendo esses elementos que se resumem a dois, isto é, a “mesa” da Palavra é a mesa de Amor.
Muito pesadas são para o homem interior as necessidades corporais neste mundo. Também o profeta pede para ser libertado delas na medida do possível: “De minhas necessidades da vida vem retirar-me, Senhor” (Sl 24,17). Mas infeliz de quem ignora sua miséria. Mais infeliz ainda é aquele que ama esta vida miserável e perecível. Há os que a ela se apegam de tal modo (embora ganhem apenas o suficiente com o seu trabalho ou sua mendicidade) que se pudessem viveriam aqui para sempre, sem preocupação alguma com o Reino de Deus.
Há famílias de médicos e famílias de lavradores ou de comerciantes. E há famílias de gente esperta! Assim era a família da espertíssima Rebeca! Quando aquele rapaz, coberto de poeira, sozinho, sem presentes finos, chegou como parente pobre para pedir uma de suas filhas em casamento, o esperto Labão não o mandou de volta. Calculou que poderia aproveitar a mão de um sujeito jovem e forte, que mostrara coragem e habilidade ao percorrer meio Oriente, desde Bersabé, nos limites do deserto de Sinai, até o norte do país dos dois rios, a Mesopotâmia, região que hoje é província setentrional do Iraque. Ainda mais que Jacó se mostrava visivelmente encantado com os graciosos olhos e a magnífica silhueta de Raquel, sua filha mais moça. Fizeram um contrato: por sete anos o rapaz trabalharia como pastor. E diz o narrador bíblico: “Jacó serviu sete anos por Raquel, a estes lhe pareceram poucos dias, de tal modo a amava!” (Gn 29,20).
Chegou o dia feliz do “casório”! No entanto, o esperto Labão entregou para a noite de núpcias, devidamente velada no escuro de tenda, a filha mais velha, Lia, a de olhos sem graça! Se Jacó quisesse também Raquel, no fim de uma semana, teria de ajustar mais sete anos de trabalho! Jacó conformou-se, recebeu Raquel como esposa depois da semana de “lua de mel” com Lia e ainda ganhou um bônus: a concubina Bala.
Quando chegamos a juventude, confirmamos uma escolha básica que vimos fazendo há bastante tempo. Vou procurar ter poder ou vou me abrir para o amor? Vou lutar pelo controle de minha vida ou me entregar às exigências do amor? Posso seguir qualquer desses caminhos e ainda contar com a misericórdia divina, mas não tenho dúvidas quanto ao caminho que o Espírito de Deus me convida a seguir.
“Jacó serviu sete anos por Raquel, a estes lhe pareceram poucos dias, de tal modo a amava!” (Gn 29,20).

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